sábado, 16 de fevereiro de 2013

Votar deve ser um direito, não uma obrigação alienante!


Ultimamente enfim resolvi me esforçar para pesquisar e alavancar uma questão que há tempos acho extremamente importante para o progresso de nosso país: o voto facultativo, ou seja, não obrigatório.

Acredito que se voto não fosse obrigatório, não votariam mais (ou ao menos teriam menos chance de fazê-lo) aqueles que não têm interesse ou saco pra política, e normalmente votam no primeiro número de "santinho" ou outdoor que encontrarem por aí, só pra terem algo pra cumprir sua "chata obrigação". E aí teríamos votos mais conscientes, de quem realmente pesquisou o assunto antes e tem certo engajamento.


Muitos políticos apenas se beneficiam da falsa legitimidade que possuem porque tanta gente votou sem pensar, só de anotar o primeiro número que acharam pela frente, ou quem sabe por achar um rostinho bonitinho de candidat@. Se o voto deixar de ser obrigatório, só quem tem consciência e engajamento político vai votar; quem não tem saco pra isso (e vota geralmente de modo alienado) vai parar de votar e vai fazer outra coisa no dia da eleição.

Assim, o voto facultativo iria retirar da contabilização do pleito os votos alienados que todo ano de eleição dão uma falsa "legitimidade" aos nossos "representantes" no Congresso e etc., gente corrupta e sem o menor cabimento! Gente que "votou", só por obrigação, em qualquer numerozinho que passaram pra ela às vésperas da eleição.


(Ok, pode até haver as tais "compras de votos" no interiorzão e periferias, mas ela seria muito mais dificultada por ter que fazer o cidadão decidir entre ir ou não votar. E de todo modo, o voto é secreto mesmo.)

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Olha só que engraçado: segundo este livro, o Brasil é o único dos 15 países mais ricos do mundo em que o voto é obrigatório. Isso é coisa de país subdesenvolvido: http://direito.folha.uol.com.br/1/post/2010/10/voto-obrigatrio-no-mundo.html

E olha aqui outro dado, do blog do Fernando Rodrigues de 2010: “Eis aqui um sinal do Brasil profundo: 30% dos eleitores brasileiros já esqueceram o nome do candidato a deputado federal para o qual deram o voto – há menos de 20 dias.

Os dados são de pesquisa Datafolha realizada em todo o país nos dia 14 e 15 de outubro. A situação é igualmente desoladora no caso do Senado: 28% dos eleitores já não se lembram em quem votaram para pelo menos uma das vagas de senador (havia duas em disputa)”.

Isso porque obviamente as pessoas só votaram pra cumprir tabela. Não foi porque se interessaram de verdade por algum candidato. Isso prova que boa parte dos votos que "legitimam" os parlamentares no poder, "nos representando" foram aleatórios (na melhor das hipóteses).

Se interessar algo bem aprofundado, há este texto com 19 páginas, discorrendo sobre cada um dos argumentos pró e contra e com listagem dos países com voto facultativo e obrigatório (arquivo no site do Senado):
http://www.senado.gov.br/senado/conleg/textos_discussao/TD6-PauloHenriqueSoares.pdf

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Pensei até em criar um grupo ou página no Facebook sobre o assunto, mas descobri felizmente que já existem, sendo os maiores os seguintes:

- Grupo Voto Facultativo (5.000 membros): http://www.facebook.com/groups/votolivre.votofacultativo/
- Página Diga Não ao Voto Obrigatório (19.000 "curtidas"):
http://www.facebook.com/diganaoaovotoobrigatorio?fref=ts

Também tinha pensado em mover uma Iniciativa Popular a respeito, mas felizmente de novo verifiquei que já existem até duas Propostas de Emenda Constitucional (PEC) rolando sobre o assunto:

Uma delas é a PEC 55/2012, do senador Ricardo Ferraço (PMDB/ES). Uma crítica que foi feita a esse projeto é que ainda obriga ao alistamento eleitoral; assim outra opção é esta outra: PEC 159/2012.

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- Assine este abaixo-assinado se você é contra o voto obrigatório! Temos por enquanto 3.536 assinaturas! ->
http://www.abaixoassinado.org/abaixoassinados/6978


- Há também a solicitação ao Senado de debate sobre o tema e então propor plebiscito para decidir o fim do voto obrigatório (por enquanto só com 55 apoios):
http://www12.senado.gov.br/ecidadania/visualizacaopropostaaudiencia?id=6541


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"A regra da obrigatoriedade, estampada no art. 14 da Constituição de 1988 (...) em nada colabora com o avanço da consciência livre que deve conduzir a vida democrática e participativa. Ao contrário, como lembrou o eminente Senador Sérgio Cabral quando esteve nesta Casa, a regra é “fonte direta do voto irresponsável, irrefletido, clientelista e oportunista” (PEC 39, de 2004)."

Trecho da justificativa da proposta de emenda constitucional (PEC) 55/2012, do senador Ricardo Ferraço (PMDB/ES). Recomendo leitura integral! ->
http://www6.senado.gov.br/mate-pdf/116395.pdf

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Para a Páscoa, só ovos do bem! Sem sacanear filhotinhos e mamães, certo? ;)


Turminha, com a Páscoa aí chegando... Vamos nos lembrar de só comprar e aceitar ovos de páscoa veganos, para ficar de acordo com os ideais de paz e amor de Jesus Cristo e não sacanear os bezerrinhos e mamães deles, certo? hehe. :D



Ainda mais que existem um montão dessas opções do bem que podem ser encomendadas e listadas aqui, ó:
http://vista-se.com.br/redesocial/pascoa-2012-encomende-deliciosos-ovos-veganos/ 



Quer mais um estímulo? Já (ou)viu minha musiquinha "Laticínio faz bezerro chorar?" [baseada em "Mamãe eu quero"]:


Carne de cavalo e criação de peixes "bobinhos": hipocrisia e crueldade


Duas indignações sobre a injustiça com os animais a partir do noticiário desta quinta-feira (14 de fevereiro):

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"Fraude da carne de cavalo deixa europeus indignados."
"No Reino Unido, o cavalo tem uma história e um significado importantes. A descoberta dessa mistura causou surpresa e indignação."

Que hipocrisia. Afinal de contas, qual é a diferença entre assassinar um boi ou um cavalo para saciar seus prazeres de paladar?

http://g1.globo.com/bom-dia-brasil/noticia/2013/02/fraude-da-carne-de-cavalo-deixa-europeus-indignados.html 
http://tvuol.uol.com.br/assistir.htm?video=europa-pede-teste-de-dna-para-identificar-carne-de-cavalo-04024D1A336EE0914326

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Outra: Eu tava lendo um artigo no Estadão sobre "santuários marinhos", onde seria maravilhosamente proibida a pesca, mas olha só que coisa mais "digna" o autor tava argumentando:

"(...) o mais importante é que esses peixes grandes que transbordam [vão parar fora das reservas] NÃO TÊM MEDO do ser humano, permitindo que os mergulhadores se aproximem bastante, facilitando o USO DO ARPÃO. Em outras palavras, são peixes gordos e ainda "inocentes", pois nunca foram perseguidos por pescadores."

Quer dizer, o lindinho ser humano se aproveita da inocência de animais que acham que nossa espécie não lhes representa perigo e os mata, certo? Muita nobre sacanagem e traição de nossa parte. :(

[Autor: biólogo Fernando Reinach]
http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,os-peixes-e-a-preservacao-,996713,0.htm

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Marchinhas de Carnaval em Defesa dos Animais!

O que é que um ativista defensor dos animais faz no Carnaval? Oras, tradicionais marchinhas pra celebrar o mais brasileiro dos feriados brasileiros, se divertir e cair na folia, ao mesmo tempo em que difunde a causa!!! :D

Espero que você se divirta tanto quanto eu me diverti ao compor estas paródias! E inspire-se!!! ;)
(As letras de cada música estão no campo de informações de cada vídeo no YouTube!)

MARCHINHAS DE CARNAVAL EM DEFESA DOS ANIMAIS

Lista de paródias já publicadas:

1) Ave depenada não voa mais [A pipa do vovô]:



( http://youtu.be/P1A9m0Vcr6w )

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5) Laticinio faz bezerro chorar [Mamãe eu quero]



( http://youtu.be/G7DztM10u30 )

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7) Peixe não é fruta [Cachaça não é água]



( http://youtu.be/lMj9baRFhOU )

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A publicar:

2) Maria no Zoológico [Maria Sapatão]
3) Peixe voador [Allah-la ô]
4) Olha que sacana esse caubói! [Olha a cabeleira do Zezé]
6) Golfinho infeliz [A pipa do vovô]

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

"Da utilidade dos animais", por Carlos Drummond de Andrade

Este texto foi lido durante o 3° Sarau e Mostra de Artes pelos Direitos Animais, em 2012, por Ana Maria Machado e Guilherme Sampaio! (Eu fiquei só ali no cantinho, de chapéu, acompanhando...)

Não são mesmo uma maluquice esses hábitos humanos? Para refletir... afinal, não precisamos de nada dessas malvadas "utilidades dos animais" para viver felizes, com saúde e em paz, certo? ;)



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"Terceiro dia de aula. A professora é um amor. Na sala, estampas coloridas mostram animais de todos os feitios. É preciso querer bem a eles, diz a professora, com um sorriso que envolve toda a fauna, protegendo-a. Eles têm direito à vida, como nós, e além disso são muito úteis. Quem não sabe que o cachorro é o maior amigo da gente? Cachorro faz muita falta. Mas não é só ele não. A galinha, o peixe, a vaca… Todos ajudam.

- Aquele cabeludo ali, professora, também ajuda?

- Aquele? É o iaque, um boi da Ásia Central. Aquele serve de montaria e de burro de carga. Do pêlo se fazem perucas bacanas. E a carne, dizem que é gostosa.

- Mas se serve de montaria, como é que a gente vai comer ele?

- Bem, primeiro serve para uma coisa, depois para outra. Vamos adiante. Este é o texugo. Se vocês quiserem pintar a parede do quarto, escolham pincel de texugo. Parece que é ótimo.

- Ele faz pincel, professora?

- Quem, o texugo? Não, só fornece o pêlo. Para pincel de barba também, que o Arturzinho vai usar quando crescer.

Arturzinho objetou que pretende usar barbeador elétrico. Além do mais, não gostaria de pelar o texugo, uma vez que devemos gostar dele, mas a professora já explicava a utilidade do canguru:

- Bolsas, mala, maletas, tudo isso o couro do canguru dá pra gente. Não falando da carne. Canguru é utilíssimo.

- Vivo, fessora?

- A vicunha, que vocês estão vendo aí, produz… produz é maneira de dizer, ela fornece, ou por outra, com o pêlo dela nós preparamos ponchos, mantas, cobertores, etc.

- Depois a gente come a vicunha, né fessora?

- Daniel, não é preciso comer todos os animais. Basta retirar a lã da vicunha, que torna a crescer…

- A gente torna a corta? Ela não tem sossego, tadinha.

- Vejam agora como a zebra é camarada. Trabalha no circo, e seu couro listrado serve para forro de cadeira, de almofada e para tapete. Também se aproveita a carne, sabem?

- A carne também é listrada?- pergunta que desencadeia riso geral.

- Não riam da Betty, ela é uma garota que quer saber direito as coisas. Querida, eu nunca vi carne de zebra no açougue, mas posso garantir que não é listrada. Se fosse, não deixaria de ser comestível por causa disto. Ah, o pingüim? Este vocês já conhecem da praia do Leblon, onde costuma aparecer, trazido pela correnteza. Pensam que só serve para brincar? Estão enganados. Vocês devem respeitar o bichinho. O excremento - não sabem o que é? O cocô do pingüim é um adubo maravilhoso: guano, rico em nitrato. O óleo feito da gordura do pingüim…

- A senhora disse que a gente deve respeitar.

- Claro. Mas o óleo é bom.

- Do javali, professora, duvido que a gente lucre alguma coisa.

- Pois lucra. O pêlo dá escovas é de ótima qualidade.

- E o castor?

- Pois quando voltar a moda do chapéu para os homens, o castor vai prestar muito serviço. Aliás, já presta, com a pele usada para agasalhos. É o que se pode chamar de um bom exemplo.

- Eu, hem?

- Dos chifres do rinoceronte, Belá, você pode encomendar um vaso raro para o living da sua casa.

Do couro da girafa Luís Gabriel pode tirar um escudo de verdade, deixando os pêlos da cauda para Tereza fazer um bracelete genial. A tartaruga-marinha, meu Deus, é de uma utilidade que vocês não cauculam. Comem-se os ovos e toma-se a sopa: uma de-lí-cia. O casco serve para fabricar pentes, cigarreiras, tanta coisa. O biguá é engraçado.

- Engraçado, como?

- Apanha peixe pra gente.

- Apanha e entrega, professora?

- Não é bem assim. Você bota um anel no pescoço dele, e o biguá pega o peixe mas não pode engolir. Então você tira o peixe da goela do biguá.

- Bobo que ele é.

- Não. É útil. Ai de nós se não fossem os animais que nos ajudam de todas as maneiras. Por isso que eu digo: devemos amar os animais, e não maltratá-los de jeito nenhum. Entendeu, Ricardo?

- Entendi, a gente deve amar, respeitar, pelar e comer os animais, e aproveitar bem o pêlo, o couro e os ossos."

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(Texto extraído de Drummond, Carlos de. De notícias e não notícias faz-se a crônica. Rio de Janeiro, José Olympio, 1975)