segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Novembro Animal 2007: projeto de lei, atos, shows, seminários e curso de culinária

Dia 01/11 (5a feira): Dia Mundial Vegano

Lançamento da campanha municipal "São Paulo: Um dia sem carne": 12 horas



A próxima quinta-feira, 1o de novembro, é o Dia Mundial Vegano, que busca promover em todo o mundo o respeito aos animais. Neste dia, a partir das 12 horas, será lançada por grupos de defesa dos animais a campanha “São Paulo: Um dia sem carne”, com um ato público no Viaduto do Chá, em frente à prefeitura.

Será apresentado durante o evento um projeto para que o dia 20 de março seja instituído no município como “Um dia sem carne”. A proposta é educativa, ao fazer com que este dia estimule respeito por todos os seres, promovendo uma sociedade pacífica, sustentável e saudável.

Representantes dos grupos solicitarão ao prefeito Gilberto Kassab e outros membros do governo para que o projeto seja encaminhado para a Câmara dos Vereadores. Fará parte do ato uma distribuição de frutas, como símbolo da alimentação pacífica, além de uma feijoada vegetariana. Serão também realizadas impressões gratuitas de estampas, portanto os interessados podem levar uma camiseta branca para participar.

Os organizadores do evento são: grupo Orientação para Conscientização Ambiental (OCA) da Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB), grupo Ativismo, advogado Laércio Benko, grupo Libertar, Partido Verde, grupo Veganos e veterinário Wilson Grassi. Há também apoio de outras entidades, listadas na página do evento: http://www.svb.org.br/oca/umdiasemcarne.htm

Esta iniciativa propõe o incentivo ao estudo e reflexão sobre os benefícios do vegetarianismo para as pessoas, animais e o planeta como um todo. Entre os temas envolvidos estão: a alimentação e sua ligação com o meio ambiente, cidadania e paz; direitos dos animais, produtos em geral de origem animal e alimentos orgânicos.

Folheto com informações detalhadas da campanha: http://kanno.com.br/downloads/sem_carne_sp.pdf

Maurício Kanno
Jornalista grupo OCA*SVB-SP
Orientação para Conscientização Ambiental / Sociedade Vegetariana Brasileira de São Paulo
Mais informações: grupo-oca@svb.org.br
http://www.svb.org.br/oca/ e http://www.svb.org.br/

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Ato público em prol da libertação animal: 01/11/07, 18 horas

Local: Av. Paulista em frente a Caixa (esquina com a Av. Ministro Rocha Azevedo)
contato: juliomancha@uol.com.br

Traga uma camiseta lisa branca e estampe o símbolo da luta contra o sofrimento animal. Haverá distribuição de comida vegana e panfletos informativos.

Balada Vegana

A partir das 22 horas
Local: JukeJoint (Subjazz) - R. Frei Caneca, 304, Bela Vista, São Paulo (SP)
Entrada: R$ 6,00

Venda de comida vegana [sem ingredientes de origem animal] a noite toda e exposição de fotos da artista Rosa Antunes. Discotecagem de punk, ska, anos 80, DHC com os djs Focalicius, JD Guilla, Mayra Sweet Heart e Pancho Army.

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Dia 02/11 (6a feira): Ação direta e Vegetarianismo

Início: 18 horas
Local: Espaço Impróprio - R. Dona Antonia de Queiroz, 40 (próx. a Rua Augusta)
Distribuição de stencil, lamb, sticker e exibição do documentário produzido pela ALF (Animal Liberation Front) "Behind the Mask".

Mais shows com: xOdiox, SxPxSxC, Ecoresistencia e Nieu Dieu Nieu Maitre (Curitiba).

Entrada: R$ 5,00

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Dia 03/11 (sábado): Almoço Comunitário Vegano

Início: 12 horas
Local: Instituto Jovem - Rua Cardeal Arco Verde, 1838, Pinheiros
Entrada gratuita

Traga um prato de comida vegana, salgado ou doce; se vc não souber cozinhar ou não tiver tempo, traga frutas ou sucos! Convide seus amigos e familiares para
conhecer a culinária VEGetariANA!

+ palestra sobre "impacto ambiental da indústria da carne"
com a bióloga Adriana Conceição

+ exposição da artista Rosa Antunes

Contato: VEGANAS - veganas@gmail.com
www.veganas.blogspot.com

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Dia 04/11 (domingo): Dia Punk VEGetariANo

Início: 15 horas
Local: Hangar 110 - Rua Rodolfo Miranda, 110 (próx. metrô Armênia)
Entrada: R$ 8,00

Feira vegana + exposição de fotos da artista Rosa Antunes + show com: Discarga, Positive Youth, Sguardo Realta, Acid Rain e Condictio.

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PRIMEIRA SEMANA DA PROTEÇÃO ANIMAL DA ANCLIVEPA (ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS CLÍNICOS VETERINÁRIOS DE PEQUENOS ANIMAIS DE SP): 5 A 8 DE NOVEMBRO DE 2007 (2a a 5a feira)

SEGUNDA-FEIRA 5/11
Direito Animal
PALESTRANTE: Rogério Gonçalves (advogado)
HORÁRIO: 19h30 às 20h15

Veganismo, Libertação Animal, Abolicionismo, Bem-Estar Animal
PALESTRANTE: Renata Martins (advogada)
HORÁRIO: 20h20 às 21h05

COFFEE BREAK – 21h05 às 21h20

Panorama do Movimento dos Direitos dos Animais nos dias de hoje - Animal Liberation Front (ALF): O que é isso? - Amor X Retorno Financeiro
PALESTRANTE: Fábio Paiva (ativista pelos direitos animais)
HORÁRIO: 21h20 às 22h05

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TERÇA-FEIRA 6/11
Veterinários Solidários
PALESTRANTE: Marco Ciampi (presidente da Arca Brasil)
HORÁRIO: 19h30 às 20h15

Métodos Alternativos à Experimentação com Animais
PALESTRANTE: Sérgio Greif (biólogo)
HORÁRIO: 20h20 às 21h05

COFFEE BREAK – 21h05 às 21h20

Panorama do Movimento dos Direitos dos Animais no Brasil; Últimas Manifestações; Bem-estar X Abolicionismo
PALESTRANTE: Júlio Mancha (ativista pelos direitos animais)
HORÁRIO: 21h20 às 22h05

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QUARTA-FEIRA 7/11
A Importância da Educação na Guarda Responsável
PALESTRANTE: Nina Rosa (presidente do Instituto Nina Rosa)
HORÁRIO: 19h30 às 20h15

Alimentação Vegetariana, Nutrição e Saúde
PALESTRANTE: George Guimarães (nutricionista, Nutriveg e Restaurante Vegethus)
HORÁRIO: 20h20 às 21h05

COFFEE BREAK – 21h05 às 21h20

Eutanásias nos CCZs; Programas Alternativos
PALESTRANTE: deputado Feliciano Filho
HORÁRIO: 21h20 às 22h05

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QUINTA-FEIRA 8/11

Campanhas de Castração, Regulamentação do Comércio e Microchip em cães
PALESTRANTE: Regina Macedo (assessora parlamentar do deputado Tripoli e jornalista) e Ângela Caruso (presidente da ONG Quintal de São Francisco)
HORÁRIO: 19h30 às 20h15

Perguntas e Respostas sobre os temas abordados na Palestra anterior
PALESTRANTE: Regina Macedo (assessora parlamentar do deputado Tripoli e jornalista) e Ângela Caruso (presidente da ONG Quintal de São Francisco)
HORÁRIO: 20h20 às 21h05

COFFEE BREAK – 21h05 às 21h20

Considerações Finais sobre os Veterinários na Proteção Animal
PALESTRANTE: Marco Antônio Gioso (presidente dos Clínicos Veterinários - Anclivepa)
HORÁRIO: 21h20 às 22h05

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Serviço:

LOCAL: Sede da Anclivepa
Av. Faria Lima, 1616 - 11o andar

Inscrições:

Anclivepa
bemestar@anclivepa-sp.org.br
(11) 3813-6568/5520 com Érika, Luana ou Bertha

Grupo OCA*SVB
grupo-oca@svb.org.br com Marcia

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III Curso de Culinária - VEGANAS

Dia 18 de novembro, domingo, das 14 às 19 horas

Aprenda a preparar passo-a-passo:

- Paella vegana
- Rocambole de proteína de soja
- Sanduíche de falafel
- Tabule especial
- Panquecas
- Mousses de ameixa, manga e morango
- Suco de maçã com folhas de brócolis

O Curso inclui apostila completa e degustação de todas as preparações!

Nº de vagas: 20

R$ 35,00 – Inscrições somente antecipadas até 15 de novembro:

- Pelo e-mail: rangovegano@gmail.com e depósito bancário ou
- Na loja Arte e Tela (na galeria do Rock)
Av. São João, 439, 3º andar, loja 427 - telefone (11) 3222-6702

Realização - VEGANAS – rangovegano@gmail.com
www.veganas.blogspot.com

Local do curso: Pizzaria Lar Vegetariano
R. Domingos Rodrigues, 423 – Lapa – São Paulo

domingo, 28 de outubro de 2007

Os guerrilheiros da causa animal

Realmente ações fora da lei, do tipo promovido pela ALF (Animal Liberation Front) não são minha praia, mas achei um artigo, escrito pelo jornalista Cédric Gouverneur, bem interessante para reflexão. Já adianto: não estou dizendo que se deve fazer o que eles fazem, só estou refletindo sobre este material. Mais cedo ou mais tarde eu teria que encarar isto e escrever sobre esta turma...

Espero que ninguém me ache criminoso, radical ou idiota por isso. Minha bandeira sempre é da paz, nunca da violência. Aliás, a bandeira da turma da ALF também é da paz. Mas suas atitudes são bem mais controversas. A ver.

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Apesar deste tipo de ações radicais de fato, ou seja, fora da lei, eles conseguiram um bom resultado no Reino Unido: Após 30 anos de luta, hoje é praticamente impossível encontrar um casaco de peles neste país. Sua idéia aparentemente é a seguinte: há pessoas (produtores e responsáveis por instalações, no caso) que não são convencidas por meio de argumentação racional ou emocional; o que seria o mais indicado. Mas por que não são convencidas? Aparentemente por tradição (cultura), interesses egoístas e econômicos. Digo isto porque, após conhecer os argumentos pró-animais este ano, ainda não encontrei refutações adequadas.

Então, para que parem com as crueldades, a estratégia da ALF é que sejam convencidas financeiramente. Ou seja, tendo prejuízos contínuos com suas instalações e tendo de investir com segurança, e serem obrigadas a mudar de ramo.

Valores

Atenção: Mesmo estes militantes têm limites, pois valorizam a vida, então claro, inclusive a humana, assim jamais cometeriam terrorismos como do World Trade Center ou no trem da Espanha, em que tantos morreram. "Mesmo os mais combativos defensores dos direitos animais (os membros da Frente de Libertação Animal, digamos) acreditam que haja limites morais absolutos para o que pode ser feito em nome da libertação animal: certos atos nunca devem ser cometidos, de tão ruins que são. Por exemplo, a Frente se opõe a ferir ou matar seres humanos", escreve o filósofo Tom Regan em Jaulas Vazias. Leia mais em http://blog.kanno.com.br/2007/08/imagem-dos-defensores-dos-direitos.html .

Eles argumentam que pode ser necessário de fato utilizar-se de meios ilegais para defender aqueles que sofrem crueldades. "Na Grã-Bretanha, o movimento pela abolição da escravatura e a luta das feministas pelo direito de voto das mulheres também recorreram a meios ilegais", escreve Cédric. Ou seja, há crueldades e injustiças do passado que só puderam ser resolvidas hoje por ações ilegais no passado.

A questão é: até onde quem defende animais pode ir para alcançar certos objetivos, por mais nobres que sejam? (Aliás, pergunta correspondente as pessoas que defendem exploração dos animais para determinados objetivos poderiam se fazer: Até onde é possível ir na crueldade com animais para obter roupas, alimento, experimentos, etc.? É mesmo possível ir para algum lugar?)

Aliás ainda, o problema é que este tipo de raciocínio pode nos conduzir para atitudes bastante complicadas: se uma família então está morrendo de fome, o pai desempregado e sem formação escolar estaria autorizado moralmente a roubar, agindo assim fora da lei?

Maurício Kanno

O texto que se segue, de autoria do referido jornalista Cédric Gouverneur, foi enviado por Marli Moraes / Rio pela lista holocaustoanimal@yahoogrupos.com.br .

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Os guerrilheiros da causa animal

Na Grã-Bretanha, o movimento ambientalista conquista vitórias na proteção dos direitos dos animais. Entre os que os defendem estão grupos de ecologistas clandestinos que, em nome da causa, desafiam leis e assumem riscos

A organização descentralizada da ALF torna difícil a infiltração da polícia e, assim, sua destruição

Impecável em seu terno de "fibras sintéticas", Robin Webb mais parece um pacato aposentado do que o libertador de zôos enlouquecido do papel desempenhado por Brad Pitt no filme O Exército dos 12 Macacos 1. No entanto, o homem com quem conversamos num pub de Nottingham é o porta-voz legal da Frente de Libertação dos Animais (Animal Liberation Front - ALF), um grupo clandestino perseguido pelas forças antiterroristas da Scotland Yard e do FBI.

"A ALF é invencível: o Estado não pode prender uma idéia", explica Webb, um ex-sindicalista que se tornou vegetariano 2 há 25 anos, "quando passava, uma manhã, em frente a um matadouro". "Qualquer pessoa que pratique uma ação para salvar animais, ou para danificar a propriedade de quem abuse deles – de vidraças quebradas até o incêndio, desde que nenhum animal ou ser humano seja ferido – pode reivindicar sua ação na Internet em nome da ALF que, em contrapartida, lhe dará seu apoio em caso de detenção." A organização descentralizada da ALF torna difícil sua infiltração pela polícia e, conseqüentemente, sua destruição. "O Exército Republicano Irlandês [Irish Republican Army, IRA] também funciona por meio de células autônomas, mas dispõe de um comando centralizado, identificável. A ALF não tem nada disso: se me prenderem para me calar, será uma ação inútil", vangloria-se o porta-voz que, em 1995, passou sete meses na cadeia.

Desde que a organização nasceu, em 1976, cerca de 200 ativistas foram presos devido a milhares de ações praticadas. A ALF até reivindica vários "mártires" – um dos quais, Barry Horne, morreu na prisão, durante uma greve de fome em novembro de 2001, quando cumpria uma pena de dezoito anos por um atentado contra uma loja de peles. Morto "em nome da liberdade daqueles que não podem se defender a si próprios", como diz Webb, os animais.


Militância radical

O recurso ao uso da força por parte desses militantes, egressos de todas as classes sociais, data da década de 60

A Grã-Bretanha sempre teve uma posição avançada em relação aos direitos dos animais. A primeira associação de defesa da fauna e a primeira lei contra mau tratamento infligido aos animais nasceram nesse país, na década de 1820. No ano passado, a Sociedade Real de Prevenção da Crueldade contra os Animais (RSPCA, fundada em 1840), arrecadou 800 milhões de libras esterlinas 3, numa contribuição de cerca de 300 mil doadores.

O recurso ao uso da força por parte desses militantes, egressos de todas as classes sociais, data da década de 60. Em 1963, no sul da Inglaterra, nascia a Associação dos Sabotadores de Caça (Hunt Saboteurs Association , HSA). "O objetivo era interpor-se entre caçadores e caçados para salvar os últimos e forçar o Parlamento a proibir a caça", lembra Robin Webb. "Em 1973, um pequeno grupo, liderado por Ronnie Lee, começou a incendiar os carros dos caçadores. Em seguida, ampliaram sua campanha aos laboratórios de vivissecção e às lojas de peles, adotando o nome de Bando da Misericórdia ( Band of Mercy)."

Três anos depois, um grupo clandestino optou pelo acrônimo ALF: "Nessa época, as frentes de libertação pipocavam na América Latina e na Irlanda: a ALF avalia que a ação violenta pode ser legítima, num curto prazo, para conseguir justiça. Na Grã-Bretanha, o movimento pela abolição da escravatura e a luta das feministas pelo direito de voto das mulheres também recorreram a meios ilegais. Como a sigla ALF é um diminutivo de Alfred, ela tem a vantagem de atrapalhar os grampos telefônicos."


Inviabilização econômica

Com atentados e ameaças, a ALF pretende elevar os custos com segurança até tornar economicamente inviável a "exploração animal"

Por meio dos atentados que praticam e das ameaças, a ALF e seus militantes pretendem elevar os custos com segurança ao ponto de tornar economicamente inviável a "exploração animal". Várias centenas de ativistas estão dispostos a agir fora da lei pela causa. Sua folha corrida é eloqüente: vitrines de açougues despedaçadas, atentados contra peixarias para salvar "lagostins escaldados", incêndios de matadouros e de lojas de peles, assédio a circos e zôos, assaltos a estâncias de criação de martas por comandos encapuzados e libertação dos animais cativos (apesar da devastação provocada sobre a fauna pela invasão de predadores), pilhagem de laboratórios de vivissecção e de estâncias de criação, assédio a seus empregados em frente a suas residências, apedrejamento de suas janelas, destruição de seus carros, incêndios de caminhões frigoríficos de matadouros... Nos Estados Unidos e no norte da Europa, a ALF reivindica constantemente ações da mesma natureza.

Às vezes, essas ações em defesa dos animais desandam em conseqüências mais violentas. Em outubro de 1999, homens armados seqüestraram Graham Hall, um jornalista do Canal 4 que fazia uma matéria sobre os militantes da ALF. Com um ferro em brasa, marcaram suas costas com as três letras: A-L-F. Em fevereiro de 2000, alertas de bombas contra os acionistas do Huntingdon Life Sciences (HLF) provocaram a evacuação de milhares de pessoas que trabalhavam na Bolsa de Valores. No início de 2001, o diretor do HLS, Brian Cass, e um executivo da empresa foram agredidos por um comando de homens encapuzados; cartas-bomba feriram um criador de gado e uma menina de seis anos. Outras pessoas, que participam ou são cúmplices no sofrimento dos animais, sofreram ameaças de morte e de seqüestro de seus filhos. Outras ainda foram vítimas de cartas enviadas a conhecidos seus, acusando-as de pedofilia.


Vitórias notáveis

Vários locais de criação de cães e gatos destinados a pesquisas foram levados à falência devido ao assédio

Dois grupos de eco-warriors – a Milícia dos Direitos dos Animais (ARM) e o Departamento da Justiça (JD) – defendem o uso da violência contra quem tortura animais. Os mesmos ecologistas provavelmente são ligados à ALF, à ARM ou ao JD e escolhem um tipo de reivindicação de acordo com a ação cometida. Receando por sua vida, quase 2 mil diretores de empresas ligadas ao sofrimento de animais conseguiram do governo britânico autorização para que seus endereços fossem retirados das listas comerciais. Entretanto, "como o drama da menina ferida prejudicou sua causa, os extremistas passaram a tomar o cuidado de não tocar em ninguém", pondera um dos alvos em potencial, Mark Matfield, diretor da Sociedade de Defesa da Pesquisa (RDS), um lobby de experiências com animais. "Suas ações decorrem mais da intimidação: nunca mataram ninguém". Os únicos mortos em conseqüência dessa luta, além do ecologista e grevista de fome Barry Horne, foram dois "sabotadores de caça" e uma manifestante que protestava contra a exportação de gado vivo – todos eles atropelados por carros na década de 90.

Em trinta anos de luta, o movimento pela libertação de animais obteve vitórias notáveis. Conseguir um casaco de peles na Grã-Bretanha tornou-se quase impossível. Nos últimos anos, vários locais de criação de cães e gatos destinados a pesquisas experimentais foram levados à falência devido ao assédio. Em janeiro de 2004, a Universidade de Cambridge teve que abandonar um projeto de pesquisa neurológica em laboratório que envolvia experiências atrozes com primatas 4 . Uma campanha de pressão sobre as empresas que colaboravam com o projeto foi coordenada, pela Internet, por Mel Broughton, amigo de Barry Horne, que passou quatro anos na cadeia por posse de explosivos: em três anos, o projeto, que envolvia um simples laboratório, ganhou proporções de uma fortaleza e seu custo chegou a um número entre 24 e 32 milhões de libras esterlinas (de 135 a 175 milhões de reais). O conselho administrativo de Cambridge, avaliando o custo inviável, decidiu abandonar o projeto, para desespero de Anthony Blair, preocupado com o desenvolvimento da pesquisa, e de Matfield, que cita essa data como "um dia negro para os pacientes". O ecologista Mel Broughton pretende levar ao fracasso um projeto semelhante em Oxford: "Eles podem enfrentar uma manifestação por ano", explica. "Mas não uma pressão constante sobre seus acionistas e seus fornecedores". Procurado em março de 2004 pelos defensores dos animais, o grupo BTP (Travis Perkins) abandonou o projeto de Oxford quase instantaneamente.


Cidadela intocável

O principal inimigo dos guerrilheiros da ecologia, o Huntingdon Life Sciences (HLS), continua em plena atividade

Mas o principal inimigo dos guerrilheiros da ecologia, a cidadela cercada por arame farpado sobre a qual concentram sua ofensiva há quatro anos e que, às vezes, comparam a um campo de concentração, continua em plena atividade: O Huntingdon Life Sciences (HLS), maior laboratório de vivissecção da Europa: "Acredito no que faço", diz Brian Cass, seu diretor e arquiinimigo da ALF há vinte anos. "Os benefícios trazidos pela experiência com animais são inegáveis para os pacientes", declara. Nesse centro do condado de Cambridgeshire, 70 mil animais servem anualmente de cobaias para a indústria mundial. "85% são peixes e roedores", explica um dirigente do HLS. "Os cães e os macacos não passam de 1% do total". O que, de qualquer maneira, significa 700 deles submetidos à tortura...

Em 1996, uma jornalista, Zoe Broughton, conseguiu emprego como assessora no HLS. Escondida sob sua blusa branca, tinha uma câmera minúscula. Em março de 1997, o Canal 4 divulgou o resultado de seis meses de pesquisa, um documentário intitulado É uma Vida de Cão – o público descobre funcionários do laboratório espancando beagles para submetê-los a doações de sangue, sob o olhar indiferente dos colegas. Em campanha eleitoral, o Partido Trabalhista retirou do HLS seu fundo de pensão e alguns clientes do laboratório rescindiram seus contratos. Dois empregados foram demitidos e processados e as autoridades suspenderam, pelo prazo de seis meses, a licença que permitia ao grupo fazer experiências com animais. A equipe dirigente foi destituída e Brian Cass, ex-dono do laboratório Covance, foi nomeado diretor da empresa.


Conduta "correta"

Londres proibiu experiências com animais para o desenvolvimento de produtos de beleza, o que não ocorre em Paris

O HLS abriu as portas à imprensa. Por ocasião de nossa visita, os cães parecem ser corretamente tratados: correm para as visitas em busca de carinhos. Um deles, no entanto, treme de medo quando nos aproximamos... Limpos, suas gaiolas se comunicam duas a duas, para que possam socializar-se. Os beagles têm direito a um passeio de 30 minutos por dia... num corredor. Os funcionários do laboratório demonstram delicadeza, embora isso seja relativo: administram diariamente aos animais produtos misturados com sua comida ou por meio de uma máscara incubadora. Salvo exceções, todos serão submetidos à eutanásia para a realização dos exames post-mortem. E, ao longo de suas vidas, nunca terão corrido por um campo aberto. "É evidente que eles não pediram para estar aqui", diz um cientista contratado após o escândalo de 1997. "Mas nós os tratamos da melhor maneira possível. De qualquer modo, os efeitos clínicos do estresse irão adulterar os resultados das experiências. Ninguém, aqui, gosta de usar cachorros como cobaias, mas não existe uma alternativa", afirma.

"Desenvolvemos o uso de leitões em substituição aos cachorros", explica outro pesquisador, "mas dispomos de mais dados sobre o beagle, que vem sendo utilizado em pesquisa desde a década de 60." "No momento, a generalização do uso de leitões seria preferível em termos de relações públicas, mas não do ponto de vista científico", acrescenta outro responsável. Cass relativiza o sofrimento causado: "750 milhões de animais são abatidos anualmente neste país para alimentação, contra 3 milhões para experiências. Tudo isso tem uma alta conotação cultural: na Coréia, o cachorro é consumido como alimento, mas na Grã-Bretanha são arrecadados mais fundos para o bem-estar de velhos cavalos de corridas do que para órfãos. E as condições das experiências são bem melhores aqui do que na França!" Desde 1997, Londres proibiu experiências com animais para o desenvolvimento de produtos de beleza, ao contrário do que ocorre com Paris, devido à influência da indústria cosmética.


Experiências cruéis

O teste de um remédio para ossos encomendado por uma empresa japonesa: 37 cachorros tiveram patas fraturadas

Alguns vazamentos, entretanto, revelaram experiências particularmente cruéis perpetradas no HLS, como os efeitos de gases CFC testados em cães, em 2003, quinze anos após terem sido proibidos 5 . Ou, segundo algumas fontes convergentes, o teste de um remédio para os ossos mediante encomenda de uma empresa japonesa: 37 cachorros teriam tido suas patas fraturadas...

O HLS afirma que, antes da comercialização de um produto farmacêutico ou industrial, a lei obriga a que se façam testes sobre duas espécies de mamíferos – quase sempre ratos e cães – para evitar qualquer efeito indesejável sobre o ser humano ou o meio ambiente. A realidade é mais complexa. Uma fonte do Ministério do Interior britânico faz o seguinte comentário sobre o Medicine Act (1968), inspirado na catástrofe da talidomida 6 : "A legislação não impõe que se façam testes com animais, caso dados confiáveis possam ser obtidos por outros meios. Existe uma forte presunção de que os testes com animais sejam, provavelmente, uma etapa obrigatória para se lançarem produtos eficientes e seguros para o ser humano". Forte presunção, probabilidade, mas não uma certeza científica. Os adversários da vivissecção dão exemplos de drogas que tiveram efeitos colaterais sobre o organismo humano, mas nenhum sobre os animais, e vice-versa.


Interesses econômicos

As empresas querem vender seus produtos em várias regiões econômicas e, por isso, exigem a realização de testes

Robert Combes é o diretor científico do Fundo para Substituição de Animais em Experiências Médicas (Frame). Suas equipes pesquisam soluções alternativas às da experiência com animais com o objetivo de eliminá-la, no médio prazo, por meio do financiamento de associações de defesa dos animais, tais como as empresas farmacêuticas – o que torna a Frame um "alvo legítimo" da ALF. Segundo o professor Combes, a suposta necessidade de testes com animais decorre, em grande parte, do "conservadorismo científico". "A pesquisa fundamental não se interessa pelas alternativas. O enorme potencial da simulação informática, por exemplo, é pouco desenvolvido". A necessidade é, principalmente, econômica: "No Japão e nos Estados Unidos, os testes com animais são obrigatórios", explica. Nossa fonte no Ministério do Interior confirma: "As empresas querem vender seus produtos em várias regiões econômicas e, devido a isso, estabelecem a realização de testes." O professor Combes acrescenta: "Os testes com animais são mais simples para realizar e as alternativas, subfinanciadas, não são uma prioridade."

A indústria farmacêutica lançou uma campanha sobre a "triste necessidade" da vivissecção, mas se mostra bem mesquinha na hora de investir nas alternativas a essa opção. O HLS deu ao Frame uma participação simbólica que é veiculada com bastante cuidado. A saúde é uma indústria e o HLS, a empreiteira de empresas que são movidas pela lógica do lucro: lançar um produto no mercado mundial, a um custo mínimo, salvaguardando-se legalmente para uma hipótese imprevista para a saúde do ser humano ou do meio ambiente.


Acionistas no alvo

Assediados, preocupados com a tranqüilidade de seus funcionários, os acionistas do HLS retiraram seu capital

Para a guerrilha dos defensores dos animais e contra a vivissecção, o HLS tornou-se um símbolo a ser eliminado. O grupo SHAC (Stop Huntingdon animal cruelty) divulga em seu site, na Internet 7 , os nomes das empresas que cooperam com o HLS e convida seu público a agir: mensagens eletrônicas ou por fax, telefonemas e piquetes constantes em frente aos escritórios, com fotos de cães decepados. Em seguida, vêm as manifestações noturnas em frente às residências dos executivos do HLS, às vezes com ações violentas contra seus bens ou pessoas da família, já que os endereços dos funcionários também circulam pela Internet. Ao contrário da ALF, oficialmente o SHAC "não incentiva, nem incita à prática de ações ilegais", embora o responsável pelo grupo, Greg Avery, já tenha sido condenado várias vezes por ter recorrido ao uso da força.

Localizado na Oxford Street, em Londres, onde recolhia assinaturas para um abaixo-assinado e coletava donativos para o SHAC, Avery declarou: "O fechamento de Hillgrove [uma estância de criação de gatos para laboratórios, levada à falência em 1999] nos mostrou como conseguir nossos objetivos atingindo os acionistas". Assediados, preocupados com a tranqüilidade de seus funcionários, os acionistas do HLS retiraram, um por um, seu capital: os bancos Barclays, HSBC, Oracle, Merrill Lynch...


"Terrorismo do investimento"

A City [local onde fica a Bolsa de Londres] aponta o "terrorismo do investimento" que ameaça o setor de pesquisa

Em janeiro de 2001, a pressão levou o Royal Bank of Scotland a também abandonar o HLS, que foi salvo in extremis de ir à falência por um investidor norte-americano, o Stephens Group. Em 2002, o HLS tentou se livrar do SHAC retirando suas ações da Bolsa de Londres e transferindo-as para a Nasdaq, em Nova York, onde os acionistas podem permanecer anônimos. Mas seu escritório de consultoria, Deloitte & Touche, passou então a ser pressionado e cancelou sua colaboração... Pouco depois, aconteceu o mesmo com o escritório Marsh & McLellan, o que obrigou o Estado britânico a dar garantias diretas ao laboratório. Seus clientes japoneses sofreram perseguições em Londres e Tóquio, na Suécia, na Suíça, na Itália...

Na noite de 25 de setembro de 2003, um atentado à bomba, na Califórnia, reivindicado pelo grupo "Células Revolucionárias", destruiu os escritórios de um cliente japonês do HLS. O ministro britânico da Ciência, Lorde Sainsbury, teve que viajar até Tóquio para dar garantias à indústria farmacêutica. A City [local onde fica a Bolsa de Londres] mencionou o "terrorismo do investimento" que ameaçava o setor de pesquisa e planejou oferecer um prêmio a quem obtivesse informações que pudessem confundir o SHAC. Saindo em defesa da Bolsa de Valores, o Financial Times publicou: "Um pequeno grupo de ativistas está conseguindo o que Karl Marx, o grupo Baader-Meinhoff e as Brigadas Vermelhas não conseguiram."

Por um custo de "uma centena de milhares de libras", segundo Brian Cass, o HLS obteve, em 2003, uma determinação legal impedindo que os manifestantes se aproximassem dos escritórios e das residências de seus funcionários. Seus clientes fizeram o mesmo. O SHAC contornou o obstáculo passando a assediar "alvos secundários", sem condições de desembolsarem as 20 mil libras necessárias à obtenção dessa medida judicial, ao mesmo tempo em que duplicava o número de ações violentas (46 no primeiro trimestre de 2004). Em quatro meses, 22 empresas já tinham rompido seus vínculos com o HLS – algumas delas mantêm apenas uma relação tênue com o laboratório, tais como a empresa de táxis que transporta seus executivos e clientes. Mark Matfield contabilizou 400 pessoas prejudicadas e tenta, agora, reuni-las numa associação de vítimas. "Algumas delas sofrem de depressão nervosa. Suas famílias foram aterrorizadas..." Jonathan Djanogly, deputado conservador que defende o Huntingdon, exige uma repressão mais forte, do tipo da que enquadra os hooligans: "Esses terroristas atacam os princípios da democracia", declara.


"Democracia participativa"

Os ecologistas defensores dos animais mostram que é possível mexer com a democracia parlamentar britânica

O movimento de libertação dos animais prefere chamar suas práticas de "democracia participativa", diante da inércia da democracia representativa. "Antes de vencer a eleição, em 1997, o New Labour multiplicava promessas aos defensores dos animais. Renegou-as", lembra Mel Broughton, responsável pela falência do laboratório de Cambridge. "Barry Horne optou por morrer de fome para que Blair se lembrasse de seu programa. Os políticos estão ligados demais à oligarquia para que possam agir: a ação popular direta permite impor-lhes uma agenda política". Diante dos grupos de pressão industriais, a ação dos defensores dos animais influencia a tomada de decisões políticas. O próprio Matfield admite que "suas manifestações legais contribuíram para o debate e permitiram que o país adotasse, em 1986, a lei sobre experiências com animais mais rigorosa do mundo". Num movimento paralelo, Londres se apressa em endurecer a repressão contra os eco-warriors e promete a criação de um vasto centro nacional para pesquisar as alternativas às experiências com animais.

Num país com um sólido bipartidarismo, em que a alternativa eleitoral se limita a uma opção entre os trabalhistas neoliberais de Anthony Blair e a ultradireita dos herdeiros conservadores de Margaret Thatcher, algumas faixas da opinião pública sofrem com uma ausência de representatividade. Nesse sentido, as ações – não violentas – dos ecologistas defensores dos animais mostram que é possível mexer com a democracia parlamentar britânica. E defender uma causa nobre.

(Tradução: Jô Amado)


Notas:

1 - Filme de Terry Gilliam (1995), inspirado no curta-metragem La Jetée, de Chris Marker, e protagonizado por Bruce Willis e Brad Pitt.
2 - Quatro milhões de ingleses são vegetarianos. Cerca de 250 mil deles não consomem produto algum de origem animal: carne, ovos, leite, manteiga, queijo, couro, lã... N.T.: No caso desses vegetarianos radicais, usa-se, em francês, o termo végétalien em vez de végétarien.
3 - Cerca de 440 milhões de reais.
4 - Com a caixa craniana aberta, eram implantados elétrodos no cérebro dos macacos para o estudo do funcionamento dos neurônios durante seis horas por dia, cinco dias por semana. Os partidários dessas experiências apelavam para a proximidade entre o homem e o macaco, enquanto seus adversários argumentavam que era justamente essa proximidade que tornava o sofrimento eticamente injustificável.
5 - The Observer, 20 de abril de 2003.
6 - Esse medicamento foi responsável por uma catástrofe sanitária em 1957. Receitada para mulheres grávidas, a talidomida provocou o nascimento de milhares de crianças sem braços. Para os adversários da vivissecção, isso prova a inutilidade das experiências com animais, as quais nada haviam revelado. Seus defensores, no entanto, lastimam o número insuficiente de experiências com animais.
7 - http://www.shac.net/

sábado, 27 de outubro de 2007

Que tipo de blogueiro você é?

Dica de minha colega de rede Stoa USP Samantha. Veja também que tipo de blogueiro você é! Por mais que você possa não concordar tanto com o resultado, como em qualquer teste, rsrs



Descrição:

Greed: -2 -> De fato, blogo é pelas possíveis consequencias bacanas que pode trazer o que escrevo, seja para os outros, pelas causas que defendo e para mim mesmo, mas o que vier de lucro tá valendo!

[Passion -- Profit

You're not in this for the money, for you blogging is all about the passion! Sure you might make a little pocket change now and again, but you know that it's the content, the audience and the people that are what makes blogging great!]

Experience: 3 -> não sou assim tão experiente blogueiro, mas o suficiente pra aprender alguma coisa neste ano ou dois que bloguei em mais de um blog...

[Newbie -------- Experienced

You've been blogging since Nick Denton was in diapers. When it comes to blogging experience, you are the authority on blogging. Heck you probably even have a blog where you give advice about blogging!]

Sociability: 3 -> concordo! sou algo bem relacionado na web 2.0! Só preciso me relacionar melhor fora dela! rs
[Hermit -------- Social

You love web 2.0 stuff like Digg and Delicious and you're involved in more blogging groups, networks and activities than anyone else you know. With all your connections, you make Neil Patel look positively anti-social!]

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Por que discriminar um animal é tão ilógico quanto discriminar um negro?

Nos anos de 1800, no Brasil, era normal se tratar uma pessoa negra como uma "coisa", que podia ser vendida e comprada num mercado. Essas pessoas só serviam para satisfazer os interesses das "brancas".

Hoje, as pessoas negras são consideradas, de maneira geral, "pessoas" de verdade, que temos que respeitar. Apesar de ainda haver preconceitos em relação a elas, não são mais consideradas "coisas".

Pois um dos valores mais nobres defendidos atualmente são os "direitos humanos". E eles valem para todos os humanos, independente de etnia, sexo, idade, etc. Mas por que os humanos têm esses direitos? Já se perguntou?

Que tal dizer: "Os seres humanos têm direitos porque eles são humanos." Normalmente só se responde isso. Mas acho que isso não explica nada, certo? É a mesma coisa que dizer "porque sim", porque se está apenas repetindo a mesma coisa.

Que tal então: "Os seres humanos têm direitos porque são seres racionais." Bem, e o que inteligência tem a ver com direitos? Por acaso alguém negaria direitos para uma pessoa com deficiência mental, ou para uma criança ou bebê?

Então, afinal de contas, por que as pessoas têm direitos? Porque precisamos nos preocupar com elas? Quais são razões de fato relevantes para os direitos das pessoas? Nós podemos sentir e sofrer. O que acontece com nossos corpos e nossas vidas é importante para nós. Temos uma biografia, com família, amigos, etc. Essas questões são relevantes para se preocupar com alguém, concorda?

Um momento. Mas e quanto aos animais em geral, como cães, vacas, galinhas, pássaros? Eles também podem sentir e sofrer (aliás, muitos têm sentidos até mais aguçados que os humanos); o que acontece com seus corpos e suas vidas é importante para eles; e têm biografia, com família, amigos, etc. Eles preenchem todos os critérios relevantes para se respeitar um humano.

Por que negar então direitos aos animais à vida, à liberdade, ao bem estar, entre outros, se não há razão lógica alguma para isso? Pelo mesmo motivo pelo qual se negava os direitos às pessoas de pele negra, lá nos anos 1800. Para que pudessem ser exploradas.

Maurício Kanno

Baseado principalmente no livro "Jaulas Vazias – encarando o desafio dos direitos animais", de Tom Regan, professor de Filosofia da Universidade da Carolina do Norte.

[Atenção: admitir que os animais tenham direitos não é dizer que seus direitos sejam os mesmos dos humanos. Leia mais neste meu texto recente, sobre a igual consideração de interesses, formulada pelo filósofo Peter Singer.]

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Blogs são espaços de verdade absoluta e/ou de conversação?

Este texto é minha opinião sobre discussão iniciada na lista web_lab@googlegroups.com, por Júlio Boaro e Dani Matielo.

Blogs são espaços em que você pode se tornar uma espécie de articulista, penso eu. Ou ao menos dar espaço para notícias / artigos / pensamentos de outras pessoas com as quais você concorde e queira que sejam mais destacados.

Verdade absoluta? Não creio que se deva fazer este juízo extremo. As pessoas escrevem o que elas acreditam e concluíram. Mas não que seja uma verdade absoluta. Tanto que, uma coisa que acho fantástica nos blogs é a possibilidade, frequentemente exercitada, muito mais que em artigos ou notícias de grandes jornais, de você colocar comentários.

E por este fenômeno posso concordar com o que Dani falou de Hernani Dimantas, sobre os blogs serem, às vezes, "espaços de conversação". De fato, em meus blogs, no Blogger e no Stoa USP (principalmente) várias pessoas já comentaram, criando um debate mais ou menos intenso. É claro, fica tudo pendurado, baseado, no seu post inicial. E nem sempre isto ocorre.

Mas sem uma boa fagulha, é difícil começar um incêndio. Assim como o meu post "NÃO ao uso de animais no ensino". (Aliás, ele gerou tamanha discussão, com 29 respostas, apenas na Rede Stoa USP, apesar de também eu o haver publicado no Blogger; outra coisa: eu não o escreveria com os mesmos termos hoje, mas o fato é que gerou um bom debate.)

Assim como qualquer um que queira iniciar uma discussão num fórum. Tem que "pegar" bem o início. E o destaque dado no blog para o post do blogueiro é importante por isso também.

Mas retomando: relativamente a outros sites mais tradicionais, sim, os blogs são espaços de conversação.

E principalmente nos casos em que se utilizar idéias que pareçam estranhas e inovadoras, ao que se pode eventualmente criticar e acusar de "verdade absoluta", é necessária uma argumentação eficiente. Isso ameniza ou desfaz esta impressão. Fora isso, a afirmação com segurança de uma idéia é muito importante, lembrar que em qualquer dissertação, ficar num tom de mais ou menos e dúvida não é adequado.

Porque isso deve acontecer principalmente para idéias aparentemente estranhas e inovadoras? Porque "verdades absolutas" são utilizadas o tempo todo, sem as quais a comunicação não acontece. São pressupostos. O céu é azul. A democracia é necessária. Sofrimento é ruim. E por aí vai...

Abraço,
Maurício Kanno
http://blog.kanno.com.br
http://stoa.usp.br/mauriciokanno/weblog

domingo, 21 de outubro de 2007

A sensibilidade das plantas e o vegetarianismo

Sem dúvida as plantas têm alguma sensibilidade. Inclusive comprei um provocativo livro (apesar de não ter lido ainda) chamado "A vida secreta das plantas", de Peter Tompkins e Christopher Bird, de 1975, que mostra que as plantas são seres sensíveis. Na contracapa escreve-se que as plantas "memorizam experiências de prazer e dor, sentem afeto e medo, são capazes de comunicar-se com os homens".

No entanto, há que se pensar sobre graus. Quem "sente" mais? É fácil perceber que os animais sentem muitíssimo mais que as plantas. Você precisa utilizar aparelhos de medição e ter muita paciência para verificar a sensibilidade das plantas, o que não é necessário para os animais.

Sistema nervoso

O sistema nervoso dos outros mamíferos, por exemplo, é bem equivalente ao humano no que toca à sensibilidade, e em muitos casos superior (há animais que enxergam, ouvem, etc. muito melhor que o humano). A diferença em termos neurológicos do humano em relação aos animais é principalmente no que toca ao intelectual, ao racional. Bem, e creio que ser inteligente não é relevante para discutir se devemos ou não nos importar com seu sofrimento, certo?

Verificar também o que escreve o geneticista Alyson Muotri: "não é porque alguns “acham” que as plantas sentem algo é que vamos extrapolar isso para um sistema nervoso organizado. Afinal, semelhanças moleculares entre neurônios e células vegetais não querem necessariamente dizer que a propagação de sinais é a mesma entre células, tecidos ou órgãos." Ele cita um estudo dizendo que "os neurotransmissores não são transportados de célula a célula por longas distâncias, como seria o caso da auxina [hormônio vegetal]."

Alimentação necessária

Não estarei sendo ético comigo mesmo se eu me deixar morrer, certo? Então preciso me alimentar de algo, porque preciso comer para viver. Mas é melhor me utilizar de seres que não são assim tão sensíveis. Dos males o menor.

Lembrar também que a criação de animais para consumo humano envolve a morte de muitos outros vegetais por meses ou anos, pois esta é a alimentação do animal futuramente abatido... Assim, comer animais por tabela mata bem mais vegetais que numa alimentação que diretamente consumisse os vegetais. Assim, a opção vegetariana também inclui respeito pelos vegetais.

Aliás, nem sempre a comida vegetariana depende de algum tipo de "morte": frutas, grãos, folhas, entre outros, não implicam em morte de um vegetal. Creio que principalmente o consumo de raízes implica nesta morte vegetal, pelo que diz Swami Yogananda, apesar de eu não conhecer tão bem como é o processo agrário.

Para mais detalhes, ler:

-A sensibilidade que as pessoas atribuem às plantas, de Simone Nardi

-E as plantas? Também não são seres vivos iguais a respeitar?, de Gary Francione

A sensibilidade que as pessoas atribuem às plantas

Artigo de Simone Nardi

Todo vegetariano já foi questionado em sua vida sobre isso, o tema não é novo, mas está sempre nascendo na cabeça de alguém que, por acaso, ouviu falar isso ou aquilo sobre as plantas.

Muitos indagam:

— Vocês não comem animais, mas e as plantas, afinal, elas também sentem dor.
Particularmente já me deparei com argumentos melhores, mas vamos lá, tirar da cabeça dessas pessoas suas dúvidas e mostrar-lhe na realidade, o que elas pensam quando perguntam tal coisa.

Há também aqueles que discutem um algo a mais que, segundo eles compreendem, as plantas além de sofrerem, são sencientes. O engraçado é que muitos sequer conseguem aceitar que os animais sejam seres sencientes, porém defendem energicamente nossas irmãs plantas.

Conheço alguns vegans que disseram que tais pessoas agem de má fé, ou seja, fingem se interessar pelas plantas para poderem, nessa disputa de argumentos, continuarem a desprezar e a ingerir vísceras de animais, num pensamento, creio eu, mais ou menos assim:

“Se você come animais, não deveria comer plantas, e se come plantas, também faz mal a elas. Eu por exemplo, pesando os dois aspectos, sei que ambos possuem sensibilidade, por isso não há mal nenhum em ingeri-los, já que, tanto um quanto o outro sofrem igual.”

O primeiro item a usar como base para essa discussão é: Não se afastar do tema principal, ou seja, os animais e seu sofrimento.

Qual sente mais?

O segundo é, qual dos dois seres possui maior capacidade de relacionamento homem-animal, ou seja, qual deles, comprovadamente, é mais senciente?

Nós temos cães como companheiros ou um pé de alface, a lógica aqui é raciocinar apenas levando-se em conta a senciência de ambos os seres vivos, afinal quem faz essa pergunta não passa a vida acariciando alfaces ou falando com elas.

Dos males o menor, só essa frase bastaria para vencer esse argumento. O animal sofre, eu vejo, a planta tem sensibilidade, não dor.

Agora, pensando mais racionalmente, a tese de que as plantas são realmente sensíveis, viria mesmo a calhar, pois apoiaria ainda mais o não-consumismo da carne animal.
Genial tal argumento:

“Se você se preocupa com a sensibilidade das plantas, faria ainda melhor com a sensibilidade dos animais, já que a olhos vistos, eles parecem sofrer mais do que elas.” (levando-se em conta de que, quem perguntou realmente se importa com tal sofrimento e não fez a pergunta apenas por fazer ou para ”testar” uma resposta)

Mais uma vez estaríamos usando a velha frase, dos males o menor, ou seja, melhor deixar o consumo de carne animal, que sente superiormente mais dor, e passar a ingerir vegetais ,do que ao contrário.

Claro que nem todos perguntam por má fé, há, e são muitas, pessoas que realmente acreditam na sensibilidade das plantas, eu também creio, já que em tudo há vida, tudo há sensibilidade e volto a perguntar: Diante de teus olhos, qual sensibilidade lhe dói mais?

Você é capaz de debulhar uma espiga de milho, ou cortar brócolis e atirá-los dentro de um caldeirão de água fervente, mas faria isso, tal qual como falei, a um coelho, um boi, um porco ou um cão?

Já olhou nos olhos de um brócoli quando passa a faca em seu corpo? Qual a sensação? Já olhou nos olhos de um animal que está sendo morto, qual a sensação?

Entenda bem que é a “Sua” sensação diante da morte de um animal.

Entre plantas e animais, segundo nos diz a ciência, qual deles possui o SNC(sistema nervoso central) mais complexo? Músculos sensíveis a dor, visão sensível a queimaduras, estômago sensível a experimentos, etc, etc. Não sabemos se as plantas possuem córtex cerebral ou lóbulos cerebrais como homens e animais, aos quais, comparativamente o DNA está mais próximo.

Dos dois seres em questão, qual deles tem maior individualidade, raciocínio, senciência/consciência?

As plantas sofrem ?

Os animais não?

Intenções da pergunta

Afinal me pergunto:

Qual o real motivo dessa pergunta sobre a sensibilidade das plantas?

Querer mostrar aos vegetarianos que eles estão errados ao deixar de comer animais, já que ingerem plantas e elas também sentem dor, ou seja, que são hipócritas ao pensar assim ou... e acredito muito nisso embora não deseje, abster-se de imaginar que os animais que eles ingerem sofrem, de forma que comer um ou outro acaba por não fazer diferença.

Há muitas outras coisas que não são visíveis aos nossos olhos em relação as plantas, porém nos são claras diante dos animais.

Abro aqui um espaço para lembrar ao amigo leitor que muita gente cultiva hortas em casa, porém bem poucos cultivam abatedouros.Há aqueles que dizem que amam os animais, tiram cães da rua, porém criam galinhas desde os ovos, alimentam-nas e depois as matam para alimentação. Isso seria amor??? Amor Verdadeiro??? Ou um grande equívoco da pessoa??? Continuando...

Medo de morrer. Sangue derramado nos abatedouros. Efeito de reação diante da dor, capacidades que não foram totalmente provadas pela ciência em relação as plantas, mas que, se fossem, e vamos abrir um vasto campo agora, o que faríamos?

Voltar a comer animais só porque descobrimos que as plantas sofrem? De forma alguma, já que devemos usar a lógica da questão que é: Quem sofre mais diante da morte? Em questões de medo e dor?

Vamos convir que ambos não sofrem igual e isso é fato, SNC, motricidade, lóbulos cerebrais, sinapses. Será que as plantas são mais sensíveis do que os animais?

Mas, vamos supor, que as plantas realmente sintam dor e tenham medo. E nós, míseros mortais, nos abstendo de comer apenas carne, mas somos então um dos grupos mais seletos e mais corretos de todos, já que pensando assim, demos um grande passo para uma grande mudança; porém, não somos os melhores nesse aspecto e perdemos para alguns amigos muito mais adiantados nessa questão do que os crudívoros, vegans e vegetarianos que são nossos amigos frugívoros, que não comem vegetais e se alimentam de sementes e frutos, que não sentem dor já que acabam sendo de certa forma “descartados”, já que nascem , amadurecem e caem, se não forem colhidos apodrecem e se sentissem dor, já entraríamos em outro campo, o campo Divino e os motivos pelo qual “Ele” deixa pobres e inocentes frutas morrerem.

Somos seres buscando a perfeição, ao menos alguns, se não somos ainda perfeitos, temos ciência de que somos melhores que alguns e piores que uns outros, mas demos um importante passo para a nossa mudança e para a mudança do Planeta.

Os vegetarianos deveriam se preocupar com as plantas? Quem nega que um dia seremos todos frugívoros ?Quando descobrirmos que as plantas sentem dor, naturalmente mudaremos nossos hábitos, assim como mudamos quando vimos que os animais sofriam, e isso é inegável até para o carnívoro mais ferrenho, que defende as plantas ,porém não os animais.

E para aqueles que acreditam em Deus, acreditam mesmo que um dia Ele nos mataria de fome, conforme fôssemos caminhando em sua direção?

Matar mais por tabela

Um último detalhe a acrescentar as pessoas que se preocupam com a sensibilidade das plantas é que, o boi é um animal ruminante, e que no Brasil a agropecuária é de campo, e os bois que virarão bife se alimentam das plantas, ou seja, ao invés de você ajudar ao menos um, está matando duas vidas ao mesmo tempo.

Talvez a mesma discussão, tão difícil de ser compreendida hoje, pelos Direitos Animais, seja travada daqui há alguns anos, séculos, sobre o especismo direcionado as plantas, talvez lá adiante, sejam mesmos os frugívoros que estejam tentando mostrar que as plantas sofrem tal como os animais, e o que faremos? Na certa muitos que já não comem mais animais dirão que os frutos também sentem dor, e a história vai recomeçar, porque toda mudança moral é difícil nos seres humanos, mas elas acontecem, independentemente de sua vontade.

"A saúde do homem é o reflexo da saúde da Terra". Heráclito

Nessa etapa de nossa caminhada é melhor fazer o bem aquele que, diante de nós, sofre mais, percebe mais e se relaciona mais de forma inteligente conosco, ajudar o próximo mais próximo, é melhor do que não ajudar ninguém.

Preocupar-se com as plantas é pular um degrau necessário que é, antes de tudo, a preocupação com os animais, já que o sofrimento deles urge, e nessa caminhada, tudo está a seu tempo.

Talvez os frugívoros sejam os únicos a terem alcançado uma alimentação totalmente livre de crueldade, os vegans estão fazendo a sua parte e os vegetarianos e os crudívoros as deles, e você, o que está fazendo em benefício dos animais e do Planeta onde vive?

[Intertítulos meus; fonte da imagem: http://pt.wikipedia.org/wiki/Imagem:Nasturcija1.jpeg ]

A maior defesa para o vegetarianismo e os direitos animais é ética

Respondo aqui minha amiga Dani a respeito do vegetarianismo integral, de maneira que também possa responder aos questionamentos de outras pessoas.

Você dá prioridade à questão ambiental, industrial, econômica. Ok, de fato este é um problema grande que, no mundo atual, comer carne provoca, e portanto, somente analisando por este lado, concordo, estaria ok simplesmente reduzir bastante o consumo de carne. Se todo mundo reduzisse seu consumo de carne para somente, digamos, umas vezes por mês, este impacto estaria bem amenizado. Diga-se de passagem, apóio as pessoas que fazem isso.

Ética: igual consideração de interesses

Por isso não creio que a defesa do vegetarianismo mais integral, seja pelo lado ambiental, mas sim pelo lado ético (que de maneira alguma é algo emotivo, mas bastante racional e lógico), da mesma maneira que a defesa dos direitos animais em geral, em que se defende não utilizá-los como "coisas" para fazer roupas, rodeios, etc.

Vamos analisar então: Você diz que a premissa problemática deste tipo de vegetarianismo é "respeitar os animais da mesma forma como respeitamos os seres humanos". Na verdade não é esta a premissa dos defensores dos direitos animais. Ao menos como diz o filósofo Peter Singer, deve-se prestar a cada ser igual consideração de interesses. Assim, por exemplo, um cavalo ou boi não tem interesse em assistir TV ou usar internet, então não há porque exigir este direito para ele, que é algo estritamente humano.

O interesse do boi ou cavalo, facilmente percebido por seu comportamento, é não ser morto ou ferido, além de andar em liberdade, com espaço, e ter supridas suas necessidades higiênicas e alimentares, por exemplo. Necessidades mais básicas, digamos.

Assim como uma criança humana (e vários outros) não tem interesse em discutir sobre Química Quântica. Ela tem outros interesses, como brincar, por exemplo.

Ética: relevância na argumentação

Me parece que você mantém a distinção central: "somos espécies diferentes", humanos e animais. Sim, assim como, entre os humanos, há diferentes etnias e "raças", como negros, japoneses, europeus, índios. Mas qual é a relevância de ser de espécie ou etnia diferente para respeitar ou não o sofrimento de algum ser?

Parece-me que o único critério relevante para se considerar o sofrimento de alguém é se o indivíduo pode ter este sofrimento. Bem, parece bem clara esta idéia.

Afinal, de fato, nós não precisamos nos preocupar de dar um murro numa parede, porque a parede não sente nada (só nós). Mas quando evitamos bater em alguém, não é porque pensamos: "não farei isso porque ele é da minha espécie", mas sim porque "ele vai sofrer, se machucar, se eu fizer isso".

Me baseio em Jeremy Bentham, fundador da Filosofia Utilitarista, no início do século XIX, retomado por Tom Regan, neste século XXI.

As diferentes idéias de ser "radical", e o caso do vegetarianismo

Uirapuru, em blog clone no Stoa USP, comentou meu post a respeito de ser possível "ser na direção" ao invés de "radical" ou "total". Ela acha que "ficar no meio do muro não dá certo". Enquanto isso, ontem mesmo conversei com um amigo cujo principal argumento para negar o vegetarianismo é justamente a idéia dele o vegetarianismo ser algo "radical", palavra que ele repetiu um monte de vezes. Por isso achei importante escrever este post de hoje.

Na verdade, sim, concordo com esta visitante. Eu acho que, se encontramos algo positivo para ir atrás, com várias evidências mostrando que é algo que traz benefícios tanto para mim como para os outros, se estiver ao meu alcance fazer isso corretamente, é melhor o fazer sim, sem "ficar em cima do muro", como você diz. E por isso é o que faço, como posso, no caso do vegetarianismo (ainda não sou vegano, que nem mesmo laticínios consome).

Diferentes significados

Mas então qual é o problema em ser "radical"? Há diferentes idéias de "radicalismo". A idéia que trabalho aqui é no seu sentido original, de "raiz", de ser "íntegro". No entanto, a idéia que se costuma utilizar é a de ser algo negativo, e até mesmo de maneira associada a terroristas. E lógico, longe de um pacifista que respeita a vida sensível cometer terrorismos...

Por isso não gosto muito de dizer a palavra "radical", porque as pessoas até costumam falar essa palavra para dar uma idéia negativa do que quer que seja. Mas, como eu disse, essa palavra vem de "raiz". Ou seja, ser radical, originalmente, não tem uma idéia negativa. Significa apenas cumprir com o devido cuidado certa atitude.

Arbitrariedade no uso negativo de "radical"

Agora, veja como as pessoas utilizam a palavra "radical" para certas coisas e para outras não. Os exemplos clássicos (de Tom Regan): Qual é sua opinião a respeito do estupro? E do assassinato de humanos? E do abuso de menores? Para não ser radical na atitude contra estes 3 pontos, você pode permitir que de vez em quando se estupre, se assassine pessoas e se abuse de menores? Creio que não, certo? Porque se acredita que isso é algo muito ruim mesmo!

Da mesma forma, os vegetarianos e defensores dos animais jamais permitem sofrimento de animais em geral que pode ser evitado. Porque acreditam que isso é algo muito ruim mesmo!

Ou seja, ser "radical" não é argumento para refutar o vegetarianismo, senão também poderíamos refutar outras questões básicas de direitos humanos. E lembrar sempre do que falei anteriormente, se não está ao seu alcance cumprir algo integralmente (com cujos benefícios você concorde), pelo menos cumpra um pouco.

Ser vegetariano não significa ser radical em si. O grau da atitude das pessoas em relação a algo pode variar. Como qualquer coisa, você pode, ao concordar com ela, segui-la direito ou segui-la mais ou menos. Isso se aplica a qualquer coisa: ter o hábito de tomar banho todo dia, escovar os dentes todo dia, etc...

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Empresa de servidores patrocina sites que defendem direitos animais!

Recebi há algum tempo uma mensagem de uma empresa que não conhecia, chamada www.knwork.com/

Dizem que "responsabilidade social não basta. O KNWORK patrocina sites relacionados com a defesa dos direitos dos animais." Basta ter um link na página principal para o site deles. Que fantástico, não conhecia este engajamento empresarial internético!

Fico muito feliz com uma diretoria como esta, incentivando a propagação deste tipo de valor tão urgente hoje em dia, com tanta exploração e desrespeito que existe hoje em dia em relação aos outros animais.

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Miss Universo ouve protestos e diz não aos casacos de peles

Da France Presse

Bebeto Matthews/AP

A japonesa Riyo Mori, Miss Universo 2007, se negou nesta terça-feira a usar peles naturais e declarou seu amor aos animais durante uma campanha de protestos em favor dos direitos civis dos animais.

"Vou dizer isso em voz alta: não vou usar peles. Eu amo os animais e concordo com quem é contrário ao uso de produtos feitos com peles", declarou.

A organização Ethical Treatment of Animals (Peta) lançou uma campanha na semana passada para pressionar Mori a renunciar às peles depois que a Miss usou um casaco de peles nas passarelas.

Mori também recebeu milhares de e-mails de outros militantes pelos direitos animais que a convenceram a se unir à campanha. A Miss de 20 anos também disse que quer atuar em campanhas de combate à Aids e que espera, um dia, pode se apresentar na Broadway.

http://divirta-se.correioweb.com.br/ultimas.htm?ultima=2722669

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Encaminhado por (Marilda | JotaPê) & Limberger por [veg-brasil@yahoogrupos.com.br]

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Reparar algo negativo, no entanto: no último parágrafo, como observa Silas Cordeiro, também membro da lista [veg-brasil], a miss fala em "defender animais, ecologia, combater aids, etc." Isso seria algo que "tá na moda (e, muitas vezes, infelizmente, fica só nisso)".

Bem, mas penso que, se ao bordão das misses de "desejo a paz mundial" se juntar "desejo que as pessoas respeitem os direitos dos animais", já seria uma boa, de qualquer maneira... Apesar de que a segunda idéia já estar inclusa na primeira, normalmente este ponto é ignorado, então é necessário reforçar. Podia ser algo como "desejo a paz mundial... inclusive para os outros animais!"

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Veja como é a dia-a-dia de bezerros, vacas, galinhas e porcos

Creio que é importante para qualquer um conhecer como é o cotidiano da seleção de lindos pintinhos recém-nascidos. Bebês sendo selecionados ou jogados fora e triturados. Está a partir do trecho 6'55 (6 minutos e 55 segundos) do vídeo a seguir. Saiba mais nos tópicos descritos abaixo e escolha o que quer ver.

(parte 2 de 6)



A partir de 4'45 -> comer carne questionado, e mostra-se a sensibilidade dos animais, linguagem, capacidade social.

5'34 -> Marly Winckler fala sobre imaginário. Animais soltos, brincando. Loguinhos bonitinhos.
6'21 -> termina de falar, mostra "catação" de galinha para o abate.
6'55 -> pintinhos.
7'10 -> seleção.
7'45 -> este não tem proveito mais, tem que triturar.
8'15 -> "bastante defeituoso"; jogados fora, td dia.
8'38 -> mostrados mortos na caçamba.
8'45-> processo: jogados no lixo.

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(parte 3 de 6)



Por volta dos 30s -> diferença entre galinha ao natural e galinha em produção
2'57 -> abuso de poder de negros “sem alma” e de vacas leiteiras.
4'20 -> bezerro tentando sair da corda
7'30 -> vacas preparadas para abate
8'36 -> em fila para abate
9'10 -> chega perto da cena do tiro
9'39 -> cena hiper-chocante em que o boi olha pra gente vidrado

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(parte 4 de 6)



4'18 -> inicia cenas hiper-chocantes com cenas de morte e música -> pode deixar ir até os 5'15...

[Trechos do documentário em vídeo A Carne é Fraca, do Instituto Nina Rosa.]

Como é a dia-a-dia de bezerros, vacas, galinhas e porcos?

Indústria da vitela: carne macia, suave, que derrete na boca, o tal sofisticado baby-beef. Bezerros tirados de suas mães horas ou dias depois de nascerem. Permanentemente presos em baias individuais. Dimensões recomendadas nos EUA: 61 cm largura por 1,65 m comprimento.

Alimentação não da mãe, mas uma combinação de leite em pó sem gordura, vitaminas, minerais, açúcar, antibióticos e drogas para promover crescimento rápido. Manter sua carne a mais clara possível, para as exigências dos consumidores, significa fazê-los crescer com deficiência de ferro crônica, ou seja, anemia crônica.

Quando bezerros estão pequenos ainda e poderiam se virar, ficam presos em uma coleira, para que não se virem; sempre imobilizados. Ao natural, eles são famosos por sua vivacidade. “Todos nós já vimos os impetuosos filhotes saltitando pelos pastos espaçosos, os tenros músculos se firmando para aguentar o peso que fica cada vez maior.” As condições de seu confinamento asseguram que seus músculos permaneçam moles e fracos, para que sua carne tenha o grau de maciez desejado.

Animais se deitam sobre as próprias fezes; de pé, vacilam sobre as ripas escorregadias de madeira ou metal. Não podem se limpar, pois não podem se virar. Aprendem a ficar parados, simplesmente. Joelhos inchados.

A eles é negado tudo que lhes seja natural. Eles sofrem física e psicologicamente. Dor e desconforto por joelhos inchados, problemas digestivos e diarréia crônica; vidas de confinamento solitário e privação; nunca mamar e pastar ou esticar as pernas, aproveitar a luz do sol. E nada disso está contra a lei. E a Associação Americana dos Produtores de Vitela diz: “a produção humanitária desses bezerros é nossa prioridades.”


Criação intensiva de animais

Mito da “fazenda do velho McDonald” custa a desaparecer. (Visão bucólica com animais vivendo soltos e felizes, para a qual contribuiu muito a canção “Old McDonald had a farm”-> ensinada há muitas gerações para as crianças.) Muita gente insiste em acreditar que os animais criados nas granjas vivem em condições bucólicas. Mas não difere muito dos “vitelos”. Os sistemas de criação intensiva são a regra, não a exceção. Porcos, galinhas, gado e outros animais criados para consumo humano se transformaram em inúmeras máquinas biológicas.

Por quê? O lucro, auxiliado pelos subsídios do governo e sua política de preços, move a indústria. Afinal, o objetivo é maximizar o retorno financeiro. A criação em confinamento completo capacita uma quantidade pequena de pessoas, comparativamente, a criar centenas ou centenas de milhares de animais (no caso de galinhas poedeiras ou frangos de corte).

E para pôr o animal no mercado no mínimo tempo possível, limitam a mobilidade, manipulam seu apetite para que coma mais que o normal, estimule seu aumento de peso rápido com hormônios na sua comida.

Sem isso, sem produzir o maior peso no menor tempo possível, os granjeiros fracassam no mercado da produção animal comercial. Contra as grandes corporações e a assistência massiva do governo às multinacionais.

Por não terem direitos, aparentemente, -> a dor e as privações impostas a eles não precisam de justificativa. E por não precisar dessa justificativa, são impostas a eles em proporções muito além do que os humanos conseguem calcular.


A indústria do porco

100 milhões de porcos abatidos anualmente nos EUA. A maioria passa os 4 a 6 meses que duram suas vidas em pé ou, quando nascem, dormindo em superfícies de tela de arame. E, um pouco depois de nascerem, em barras de metal ou de concreto com espaços vazios entre elas (iniciando um pouco depois de nascerem).

Normalmente têm ferimentos nos pés e pernas, e pele em geral, nunca tratados. Ao nascer, rabos são cortados e orelhas também, sem anestesia. Ambientes super-lotados levam ao canibalismo (apesar de serem dóceis ao natural).

Porquinhos que não crescem rápido suficiente são mortos com pancadas na cabeça no chão de concreto. 70% aproximadamente têm pneumonia, ao ser abatidos; maioria com doenças respiratórias, devido ao ar cheio de amônia, poeira e pele e pêlo.

Porcas reprodutoras pesando até 180 quilos confinadas em baias de 61 cm de largura, com coleiras para se imobilizarem. Porcas são máquinas de produzir salsicha, por mais que, quando se retire os porcos do ambiente industrial, eles continuem sendo seres vivos com natureza própria. (p. 114)

Conselho dos Produtores de Porcos dos EUA: “Os produtores de porcos sempre reconheceram sua obrigação moral de oferecer um cuidado humanitário aos seus animais.”

A indústria da ave

-> em geral, galinhas (“frangos”, quando de corte); seu tratamento exemplifica a das demais aves.

-frango de corte

Veja só a distorção: ao invés de falarmos o nome de verdade, “galinhas”, não, fala-se frangos. Aí parece um bicho diferente que não conhecemos.

9 bilhões de galinhas abatidas anualmente nos EUA. Espaço médio dos galpões de criação: menor que 0,1 metro quadrado para cada animal maduro. O cruzamento seletivo produziu animais pesando o dobro em relação aos antepassados; mas seu esqueleto continua o mesmo, então é comum: “vértebras machucadas, ossos quebrados, juntas inflamadas”. E também prejudica seu sistema cardiovascular-> infartos acontecem todo dia.

Odor opressivo de amônia vem das fezes em decomposição-> vapores atacam o sistema imunológico e respiratório dos animais-> doenças dos olhos e cegueiras frequentes.
em média frangos de corte machos vivem vivem 6 semanas e as fêmeas 7 semanas, até o abate. A duração natural de suas vidas com saúde é de 12 a 15 anos -> então os frangos de corte são simples bebês no abate; sua vida curtíssima com privação crônica e sofrimento.

-Galinhas poedeiras

300 milhões de galinhas botam ovos todos os dias nos EUA. produção média anual de cada ave de 250 ovos; vida média de 2 anos.

Grande maioria das poedeiras amontoada dentro das baterias -> enorme conjunto de gaiolas de metal, umas sobre as outras. Galinhas de baixo vivem sob torrente ininterrupta de excrementos produzidos pelas de cima. No galinheiro industrial, sempre seu ambiente é superlotado. Num espaço que mal equivale ao de uma gaveta de escritório, espremem-se até 10 galinhas -> média na indústria de 7 ou 8.

poedeiras não estão anatomicamente adaptadas a ficar de pé no arame por anos; quase a metade das aves tem anormalidades nas pernas ou unhas; maioria com feridas e contusões pela fricção contra a gaiola.

“Muda forçada” comum: galinhas não ganham comida por 10 a 14 dias -> e isso faz com q 10% delas morram e podem perder até 25% do peso. -> para “encorajar” novo ciclo de postura de ovos.

Assim como bezerros machos nascidos em granjas produtoras de leite, pintinhos machos nascidos em granjas produtoras de ovos estão no lugar errado -> já que isso acontece 50% do tempo, todo ano são mortos, no mesmo dia em que nascem, uns 150 milhões de pintinhos machos. [Afinal, o natural não é galinhas e vacas produzirem ovos e leite a torto e a direito simplesmente; é terem filhos.]

como são "descartados" ou mortos? Os recém-nascidos são jogados em latas de lixo e sufocados no fundo até morrer; ou triturados vivos; sem nunca usar analgésicos, claro.

E o que diz a Associação de Produtores de Aves e Ovos dos EUA (USPOULTRY)? A entidade “sempre apoiou o tratamento humanitário dos animais”. E como é esse "tratamento humanitário"? Como é feito, como descrevemos.

A indústria do gado

-gado leiteiro

ao menos metade do gado leiteiro é criado em instalações em geral de concreto, ao qual os animais não se adaptam anatomicamente e por isso a maioria sente dor para se levantar ou ficar de pé. Os q ficam fora: boa parte nos “terrenos secos”, cercados sem capim para pastar ou cama de palha para se deitar.

Em média vacas leiteiras prenhes uma vez por ano por 3 a 4 anos, depois disso são vendidas para virar produtos de carne baratos (40% dos hambúrgueres nos mercados e restaurantes).

Pela manipulação genética e cruzamento seletivo, algumas vacas leiteiras produzem até 44 litros de leite por dia, dez vezes sua capacidade normal. Esse excesso de peso tensiona o úbere e agrava danos aos joelhos e ancas. 20% dos animais sofrem de mastite, inflamação do úbere.

Vacas leiteiras saudáveis em ambiente favorável vivem até 25 anos.

-gado de corte

35 milhões de cabeças anualmente nos EUA. Marcado a ferro quente, chifres mutilados; machos castrados, tudo sem anestesia. Comum nascer num estado, criados em segundo, e abatidos em terceiro; sem água, comida e atendimento veterinário no transporte; por vezes de centenas de km.

Maioria grande parte da vida em currais de engorda-> permanentemente exposto, sem onde deitar, exceto terra seca, lama e esterco. Natureza-> ruminantes, preferindo grama, capim e outras fibras; mas nos currais dieta é exclusivamente grãos (com fortes doses de estimuladores de crescimento) para acelerar a engorda a dar a carne o “branco marmóreo” dos cortes mais caros de carne.

Abate “humanitário”

todos deveriam ir a um abatedouro ao menos uma vez na vida.

Operações em maior escala mais anônimas, com barulho dos animais desembarcando, com mugidos das vacas, guinchos estéricos dos porcos. Os que mais resistem são os mais punidos, com choques elétricos, golpes de correntes ou pontapés.

Abate de porcos

-> conduzidos a estreito compartimento onde o atordoador dá um choque elétrico que supostamente os deixa inconsciente (mas o fato é que isso dificilmente ocorre; os inspetores são desencorajados a parar a linha, há testemunhos de que “o tempo todo os porcos entram totalmente conscientes no tanque”, como diz um trabalhador); pendurados pelas patas traseiras, são cortadas suas gargantas, sangram até a morte, submersos em um tanque de água escaldante, depilados e eviscerados...

O abate de peixes

Indústria peixe americana mata 7 bilhões de peixes ao ano. Lançados em mistura de água e gelo, sofrem até que, depois de uns 10 minutos, falta de oxigênio os deixa inconscientes... Maioria dos salmões jogados em água infusa com dióxido de carbono, doloroso para respirar. A maioria continua consciente quando seus arcos branquiais são cortados para sangrar. Há também descargas elétricas para peixes-gatos, ou usado o bastão para bater na cabeça do peixe... Ou se bate a cabeça dele em uma superfície dura, para os pequenos.

[Informações do livro Jaulas Vazias, de Tom Regan]

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Pecuária desperdiça exageradamente os recursos naturais em comparação a plantações

1) No Brasil, segundo dados do IBGE e Instituto Cepa (de técnicos de agricultura), um boi precisa de 3 a 4 hectares de terra e produz em média 210 quilos de carne, no período de de 4 a 5 anos. Neste mesmo tempo e nesta mesma quantidade de terra, colhe-se, no Brasil, em média, 19 toneladas de arroz, ou 8 de feijão, ou 34 de milho, ou 32 de soja, ou 23 toneladas de trigo.

Tomando por referência a proteína contida, por exemplo, no arroz (8%), comparada àquela encontrada na carne (18,6%), chegamos ao seguinte:
-Se criarmos boi nos 3,5 hectares e nos 4,5 anos em média que precisa para estar apto a ser consumido, teremos 39 quilos de proteína.
-Se plantarmos arroz nesta mesma quantidade de terra e no mesmo período de tempo, obtemos 1520 quilos de proteína.

2) Produtos comestíveis que podem ser produzidos em um hectare de terra boa em quilos:

-Feijão 11.200
-Maçã 22.400
-Cenoura 34.900
-Batata 44.800
-Tomate 56.000
-Carne 280

3) Número de litros de água necessários, na Califórnia, para produzir 1 quilo de:

Tomate 39
Trigo 42
Leite 222
Ovos 932
Frango 1397
Porco 2794
Boi 8938

Do estudo Our Food Our World, EarthSave Foundation, Santa Cruz.

[Fonte intermediária de 1 e 2: livro Vegetarianismo: Elementos para uma conversa sobre, de Marly Winkler.]

4) Estudo diz: pecuária é q mais desmata a Amazônia

04/09/07 - É a pecuária, e não a soja, a maior responsável pelo desmatamento na Amazônia. É isso o que diz um estudo divulgado pelo Conselho Regional de Economia do Distrito Federal (Corecon-DF) e que vai ser utilizado como base pelo Ministério da Integração Nacional para definir o planejamento territorial na região.

"A gente fica batendo na tecla errada, esquece o efetivo responsável e acaba adotando políticas públicas erradas", afirma Julio Miragaya, autor do estudo e coordenador-geral de Planejamento e Gestão Territorial (CGPT), ligado ao Ministério da Integração Nacional. "O fantasma da Amazônia não é a soja, é a pecuária".

Fonte: Valor Online

Matéria completa: http://noticias.uol.com.br/economia/ultnot/valor/2007/09/04/ult1913u75305.jhtm

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Bicho também é gente, e vice-versa / Artigo no Estadão

Por Sergio Augusto, no Estadão, Suplemento Aliás
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Além de parentes nossos (Darwin explica), os animais também sofrem, sentem dor, entram em pânico e se estressam

Segunda-feira, ao anunciar o Projeto Caju, o presidente Lula lamentou ter passado a infância preferindo comer as preás que seus irmãos caçavam em vez de caju, que no Nordeste é mato. "Em algum momento da história, algum de nós cometeu um erro contra o caju." E os "erros" que até hoje se cometem contra as preás, presidente?

No mesmo dia em que Lula admitiu, en passant, que caçar e comer preás é "uma prática ambientalmente incorreta", o professor Isaias Raw, presidente da Fundação Butantã, publicou neste jornal um artigo sobre um projeto de lei, em tramitação na Câmara dos Deputados, estabelecendo normas para assegurar o bem-estar animal em experiências
científicas. O artigo, polido e informativo, assegurava que a lei interromperia completamente a produção de vacinas e remédios. Outros cientistas já se manifestaram sobre o assunto, com a mesma dose de alarmismo, não raro enfiando nos que combatem o tratamento cruel imposto a animais em laboratórios a carapuça de monstros sádicos que
menosprezam a saúde pública.

Deputado

O autor do projeto é o deputado Ricardo Tripoli, que, por ser tucano, corre o risco de ser tachado de corporativista por algum cientista metido a engraçadinho. Tripoli, que só é ave metaforicamente, tem pelos bichos uma compaixão que deveria ser compartilhada por todos os seus semelhantes. Há dois anos, ainda deputado estadual, conseguiu que a Assembléia Legislativa de São Paulo aprovasse o Código de Proteção
dos Animais, que proibia a realização de rodeios e a criação de animais em confinamento, como aves e bovinos. Por pressão da Federação da Agricultura do Estado de São Paulo (Faesp), o Tribunal de Justiça do Estado concedeu liminar, suspendendo a aplicação do código, que, segundo o presidente da Faesp, traria "conseqüências nefastas" ao setor produtivo por ele representado, "como a desestabilização das
atividades e da própria economia do Estado, além do aumento do desemprego". Só faltou incluir entre as "conseqüências nefastas" do código a bancarrota de Barretos, a aceleração do aquecimento global e o aumento da violência urbana.

Claro que, se transformados em leis, os projetos do tucano poriam em risco a sobrevivência de circos, rodeios, laboratórios, avicultores, suinocultores e pecuaristas defasados, irresponsáveis e desumanos. Isso não é bom, é excepcional, já que nos atualizaria com o que nações mais civilizadas e cientificamente mais qualificadas já vêm implementando há anos.

Cientistas

A comunidade científica brasileira sabe que, aspas para o professor Raw: "muitas pesquisas vêm sendo realizadas para desenvolver ensaios que possam ser realizados sem usar animais vivos". Já há quem esteja na pista de organismos especialmente criados, imunes a dor e a qualquer tipo de estresse e sofrimento, para que camundongos, ratos,
coelhos, macacos, gatos e outros bichos possam ser definitivamente alforriados pelos sinhôs de proveta. Não são ralas as esperanças de que pesquisadores do J. Craig Venter Institute, nos arredores de Washington, por exemplo, estejam próximos de obter resultados surpreendentes, manipulando bactérias e outros organismos que poderão
tornar inútil o tão temido artigo 110 do projeto de lei de Ricardo Tripoli, que "veda o uso de animais para fins científicos quando causar dor, stress ou desconforto ao animal".

O deputado poderia fazer uma emenda ao projeto, estendendo o benefício do "tratamento digno" aos seres humanos que, por ventura, venham tomar o lugar dos animais em pesquisas científicas. É um velho sonho de muita gente: terroristas, estupradores e assassinos irrecuperáveis redimindo-se de seus crimes ajudando a salvar a humanidade no lugar de seres não-humanos que mal algum causaram aos humanos. Direitos iguais
para todos. Afinal, é isso que preconizam os paladinos da "libertação animal", aqui e ali hostilizados e perseguidos como o foram os primeiros abolicionistas, as primeiras sufragistas e os primeiros ativistas do movimento pelos direitos civis.

Chacina

Na semana retrasada, os jornais divulgaram a história (com final feliz) de um elefante viciado em heroína por traficantes de animais ativos na fronteira de Mianmar e China (aquele país que, para combater a raiva, chacinou 54.429 cães, muitos deles já vacinados). Os traficantes em questão também podiam ser trancafiados num laboratório para testes de vacinas e, em especial, resistência a drogas - com
todos aqueles que promovem rinhas de galo (abra o olho, Duda Mendonça!), brigas de cachorro, touradas, farra do boi, traficam marfim e trucidam rinocerontes para, com seu chifre, criar poções falsamente miraculosas.

Especismo

Faço essa sugestão sem o menor constrangimento, pois não padeço do que o filósofo moral Peter Singer chama de "especismo", preconceito de espécie, similar (mas não igual, esclareça-se) ao racismo e ao escravismo: uma forma de discriminação que coloca os humanos num pedestal, como os únicos repositórios de todos os valores morais, e despreza os seres de outras espécies. O fato de sermos racionais só
aumenta a nossa responsabilidade em relação às demais espécies, a nossa obrigação de termos compaixão por aqueles que, além de parentes nossos (Darwin explica), também sofrem, entram em pânico, se estressam, sentem dor - e são mais solidários do que nós.

Em 23 de janeiro de 1994, o Jornal do Brasil publicou uma reportagem cujo título (Crueldade com animais preocupa cientistas) só dizia da missa a metade. Seu subtítulo (Especialistas temem que Brasil se torne território livre para experiências já proibidas nos países da Comunidade Européia) antecipava um futuro preocupante. Treze anos se passaram e nem o mais brando projeto de lei voltado especificamente
para a regulamentação de uso de animais em pesquisas científicas, apresentado em 1995 pelo sanitarista (e então deputado) Sérgio Arouca, conseguiu emplacar.

Coelhos torturados, país atrasado

Somos atrasados em inúmeras coisas, e uma delas diz respeito aos avanços da ciência. A Fiocruz, por uns tempos dirigida por Arouca, demorou a suspender o crudelíssimo teste de irritação ocular em coelhos (teste de Draize), dispensado, havia tempo, em países mais adiantados. A quantos outros sofrimentos superados e dispensáveis não submetemos as cobaias de nossos laboratórios?

Sofrimento por luxo

O lado exclusivamente científico da questão é por demais complexo para as dimensões de um artigo. Já os demais, não. Nada justifica que, visando basicamente ao lucro e à vaidade, floresçam, infrenes, uma indústria de alimentos cuja matéria-prima é o resultado de uma sucessão de torturas e uma indústria de roupas e calçados afeita a
práticas nefandas. Agasalhos de pele animal só deveriam ser usados por esquimós. Tenho a maior simpatia pelos ativistas da Peta (People for the Ethical Treatment of Animals), que costumam manchar de tinta vermelha os casacos de pele das dondocas do eixo Nova York-Paris e fazer campanha contra a editora de moda da revista Vogue, Anna
Wintour, não por ela vestir Prada, mas por ser uma diaba que veste e incentiva o consumo de peles, que só nos animais são bonitas.

[Publicada no Estadão em 2 de setembro de 2007; os intertítulos são intervenções minhas. Você também pode ler o texto no site do Estadão. Saiba mais sobre o autor Sergio Augusto, jornalista e escritor.]

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Ratos: vítimas da ciência

Independente de toda discussão sobre contra ou favor de usar ratos em experimentos, encontrei uma comunidade no orkut chamada "Heróis da ciência", e quero dizer que este nome é incoerente e errado. Heróis se sacrificam ou lutam por algum ideal por iniciativa própria. Ratos não fazem isso. Eles são usados contra sua vontade. Como a maior parte dos outros animais, aliás...

É um grande sofisma cultural essa história de os animais fazerem as coisas pelo nosso bem, por sua própria vontade... Que nem nos livrinhos didáticos do primário: "a vaca nos dá seu leite e sua carne"...

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Tempo de paz: pelos não humanos e por humanos asiáticos de Burma

Começando um novo mês de esperanças:

Informa Marly Winckler, diretamente da Índia: "Outubro é o mês do vegetarianismo. No dia 1o comemora-se o dia Mundial do Vegetarianismo. Dia 2 é o Dia Internacional da Não-violência (em homenagem ao aniversário de Gandhi) e também é o Dia Mundial dos Animais de Granja. No dia 4 comemora-se o Dia do Patrono dos Animais, São Francisco de Assis, e também o Dia Mundial dos Animais. O mês festivo culmina com o Dia Internacional do Veganismo, em 1o de novembro."

Ela também diz que hoje começou em Murdershwar, sul da India, o 11o Festival Vegano Internacional. E completa: "Não dá para considerar civilizado um mundo que trata os animais da maneira como os seres humanos os tratam, em todas as partes do mundo, infelizmente." Mas: "Lutar para mudar essa situacao eh preciso. Arrancar alegria ao futuro é o q nos resta."

Abaixo segue um trecho do documentário Terráqueos; pois tem coisas que a gente não sabe, mas que acontecem com certos indivíduos...



Burma

Drica Guzzi, em Londres, também me fala como conheceu um artista que estava preso em Burma (Birmânia/Mianmar), um lugar com uma situação deplorável em termos de desrespeito aos direitos humanos. Veja seu post contando sua experiência em: http://buzzine.info/content/burma-inside-out-burma-1

E o vídeo abaixo: