sábado, 5 de maio de 2007

Herói: aquele em quem nos inspiramos

Meu velho amigo e ex-colega de faculdade de Jornalismo Thomaz Napoleão apareceu em meu blog, e comentou meu artigo sobre "deficientes heróis, heróis deficientes"... -> http://mauricio-kanno.blogspot.com/2007/05/heris-deficientes-deficientes-heris.html

Veja o que ele escreveu:

"Salve, Xê! Apenas agora descobri que você tem um blog. Belissimo post.

Eu tendo a concordar com o Martin Cezar Feijó. Vejo a noção de heroismo muito proxima dos mitos fundadores de cada povo. O heroi é promovido como alguém exemplar mas principalmente excepcional, distante da realidade.

Acho isso meio perigoso: criar uma categoria de comportamento (bravura, coragem, sacrificio) ideal e perfeita é o primeiro passo para distancia-la do "homem comum". Sempre podemos dizer que não precisamos salvar ninguém, pois não somos herois.

Além disso, uma sociedade de herois pode facilmente se tornar eugênica ou fascista. Pense na Esparta mitica, como representada no filme "300".

Mas os valores transmitidos por esses mitos são, também, a base do convivio social. Não sei. Talvez a existência de herois seja um mal necessario das sociedades humanas."


Destaco hoje então a resposta que lhe dei:

"Opa, Napoleão! Talvez seja difícil mesmo para a turma do Jornalismo, ou mesmo da Poli, me descobrir por aqui mesmo... O fato é que faz tempo que não me chamam mais de (de Xenônio, o elemento químico)! No trabalho, me chamam de Mao! Bem, acabo de acrescentar um XE54 ao título do Blog, por enquanto... Vamos ver como resolver isso.

Concordo contigo; é complicado esse excesso de heróis, ainda mais se isso significar "bravura, coragem, etc." ao extremo... Muitos, como na tal Esparta seriam sacrificados.


Bem, mas como viu, há diversas idéias de heróis... Se você fala no Martin Cezar Feijó, nos mitos fundadores de cada povo, no nosso caso, do Brasil, temos o nosso querido "herói de nossa gente", o Macunaíma. É claro, pensado às avessas, em retrospectiva...

Em parte, com certeza é em valores de Macunaíma que se inspiram os brasileiros mesmo: "Ai! Que preguiça..."

Mas não só brasileiros, não há porque se fazer um preconceito desses... E nem todos.

Só mencionei este exemplo para mostrar como este "herói" diferenciado é uma concepção que subverte completamente essas noções tradicionais de herói. Ou seja, é claro que herdamos concepções clássicas como as mencionadas no texto... Mas também as subvertemos, criando um Macunaíma, com valores altamente distintos!

-------

E quanto à questão de heroísmo que distancia da realidade e outro heroísmo que aproxima? De fato... Se for pensar que para ser herói total, pleno, precisa ser "tudo aquilo", com certeza não rola... Mas penso no herói como um que espelha um ideal. Inalcançável por inteiro, mas é como o conceito de Deus: apesar de nunca alcançar totalmente, o importante é nos refletirmos nele, nos inspirarmos nele.

Mas acho que muitos já se impacientaram com esses ideais tão distantes.. E por isso mesmo, os heróis foram ficando cada vez menos perfeitos e mais normais. Tal como o Homem-Aranha, protagonista do filme que estreou ontem, e também, quem sabe, os modelos trabalhados neste post: o cientista mudo, com várias paralisias físicas; e as bailarinas cegas.

Assim, considerando herói (que bom, você me lembrou de destacar esse conceito), um ser em quem nos inspiramos, simplesmente, acho que a coisa fica melhor. Tipo, é como dizer: "Eu sou seu fã!" = "Você é meu herói!""

Nenhum comentário: